O que são
doenças infecciosas e parasitárias (DIP)?
R: São doenças causadas por seres vivos ou seus produtos.
Quando o ser vivo que causa a doença vive às custas de outro ser vivo que o
abriga estes são chamados respectivamente de parasita e hospedeiro. Muitas
vezes as DIP são confundidas com as doenças contagiosas, mas nem todas as DIPs
são contagiosas (p.ex. o tétano não é contagioso). A especialidade DIP, no
Brasil, se originou da tradicional Medicina Tropical que trata das grandes
doenças que assolam e assolaram o Brasil e o Mundo durante séculos (como a
malária). A especialidade DIP procura (mas nem sempre consegue) se concentrar
em questões urbanas como as infecções hospitalares, a síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS), as endocardites infecciosas, as
infecções transfusionais, etc. Como herança da Medicina Tropical a
especialidade inclui ainda os acidentes e doenças causadas por animais
peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões.
3. Houve
um caso de meningite na escola que meus filhos freqüentam: o que fazer ?
R: Nem todas as meningites são contagiosas. Aquelas
causadas por bactérias como o pneumococo (S.
pneumoniae) não são de transmissão inter-humana e não há necessidade de
qualquer providência específica. Contudo certas formas de meningites como a
meningite meningocócica e a meningite pelo hemófilo (Haemephilus influenzae tipo b) tem caráter de transmissão
interpessoal e aqueles indivíduos que tem contacto íntimo e prolongado com o
paciente devem submeter-se a quimioprofilaxia. O médico assitente poderá
orientá-lo em relação aos medicamentos disponíveis. O Rio de Janeiro
encontra-se com níveis crescentes de doença meningocócica há cerca de dez anos
e duas campanhas vacinais já foram realizadas.
4. Meu
filho está com diarréia, pode ser cólera?
R: O cólera é uma doença aguda causada por uma bactéria, o
Vibrio colerae. A doença se
caracteriza por uma diarréia profusa, com dez ou mais evacuacões diárias, às
vezes acompanhada de vômitos. As fezes
não têm pus, catarro nem sangue, nem se acompanham de cólicas, mas podem ter
tanta água a ponto de levar o doente a uma rápida desidratação, ao choque e à
morte se não for tratado a tempo. O paciente com cólera não costuma ter febre..
Para prevenir e combater a desidratação enquanto não se tem acesso a um Serviço
de Saúde pode se administrar à pessoa com diarrréia ou vômitos o soro caseiro.
O Soro Caseiro pode ser preparado adicionando-se a um litro de água fria
(previamente filtrada e fervida) um "punhado” (4 colheres de chá cheias)
de açúcar e uma "pitada"(uma colher de chá rasa) de sal de cozinha. O
soro deve ser dado ao doente em pequenos goles de 15 em 15 minutos. Nos Postos
de Saúde do Município do Rio são distribuídos gratuitamente os envelopes com os
Sais para Reidratação Oral da CEME (Central de Medicamentos):cada envelope deve
ser dissolvido em um litro de água filtrada ou fervida fria e administrado como
o soro caseiro do qual é uma versão aperfeiçoada. Em caso de suspeita de
cólera, ou com qualquer diarréia forte deve-se procurar socorro médico o mais
cedo possível.
5. Como se
pega pneumonia?
R: Existem diversas formas de pneumonia e, seguramente, a
maioria das pneumonias é causada por vírus e se curam sem tratamento. Os vírus
que causam as infecções respiratórias são transmitidos de uma pessoa para
outra. Contudo algumas doenças virais respiratórias, p.ex.: a gripe, podem se
complicar com uma infecção por bactérias causando, por exemplo, uma pneumonia bacteriana,
cujo principal agente causal é o pneumococo (S. pneumoniae). O pneumococo pode ser um habitante normal do nariz
e da garganta de alguns adultos e crianças e só consegue causar pneumonia
quando há um fator predisponente (no caso uma infecção viral prévia). A
pneumonia pneumocócia pode ter complicações graves e até matar, por isso
deve-se procurar um serviço de saúde em caso de suspeita de pneumonia ou numa
gripe mal curada quando a febre e a tosse não desaparecem ou voltam ao cabo de
alguns dias.
6. Qual o
melhor remédio para o resfriado?
R: Apesar do avanço médico atual, com diversos
transplantes e a cura de várias formas de câncer, não há tratamento eficaz
específico para o resfriado comum, e esse continua como principal causa de
absenteísmo no ambiente de trabalho. Contudo o resfriado comum é uma doença
auto-limitada, com curso clínico de cerca de sete a dez dias, se não houver complicações.
Durante esse "período de estado" recomenda-se repouso, ingestão de
bastante líquidos de modo fracionado ao longo do dia, preferência a alimentos
líquidos e/ou pastosos, uso de vaporizadores/nebulizadores e uso de medicação
sintomática (analgésicos e antitérmicos), sempre com supervisão médica.
7. Tenho
risco de ter Dengue Hemorrágico no Rio de Janeiro?
R: O dengue existia no Estado do Rio de Janeiro até a
década de 1940, quando o combate ao mosquito da febre amarela, o mesmo que
transmite dengue, acabou com a doença. Esta voltou, junto com o mosquito, no
final da década de 1980. O dengue hemorrágico ocorre geralmente quando a
pessoa, que já teve a doença por um dos tipos de vírus (existem 4, chamados
sorotipos), ao qual passa a ser imune, contrai a infecção por um outro tipo. No
início dos anos 90, houve a introdução de um segundo tipo do vírus do dengue (o
sorotipo 2, até então tínhamos somente o sorotipo 1), aumentando o risco do
número de casos de dengue hemorrágico na nossa cidade. O risco existe, é real,
e todo indivíduo com queixas compatíveis com dengue deve ser acompanhado por um
médico.
8. Como
evitar a "doença do rato" (a leptospirose)?
R: A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria do
gênero Leptospira, que atinge o homem
a partir de seu reservatório natural, principalmente os ratos (Rattus rattus e Rattus norvegicus). A Leptospira
é eliminada pela urina desses animais, que em épocas de chuvas torrenciais misturam-se
as águas das enchentes podendo entrar em contato com a nossa pele,
principalmente onde há pequenas feridas - como por ex. frieiras nos pés-e
provocar a leptospirose. A doença se caracteriza por febre alta, dores
musculares (principalmente nas pernas), icterícia (cor amarelada nos olhos e
pele), e diminuição da urina (insuficiência renal), podendo também causar
sangramentos. A leptospirose pode ser evitada controlando a população de ratos.
Deve-se evitar o acúmulo de lixo e alimentos que servem de nutrientes aos
ratos. Em caso de contato com enchentes ou água de esgoto, valões etc. procurar
um serviço médico para orientação. Cães e outros animais podem pegar e
transmitir a leptospirose, mas existe uma vacina para uso animal.
9. Devo me
vacinar contra hepatite?
R: Conhecemos cada vez mais as diversas formas de
hepatite, mas só dispomos de vacinação contra dois tipos de hepatites por vírus:
a hepatite A e a hepatite B. A melhor prevenção contra a hepatite A é a
ingestão apenas de água filtrada ou fervida e o consumo de alimentos cozidos,
em conjunto com a vacina. A hepatite B é uma doença sexualmente transmissível
(DST) e sua prevenção é de fundamental importância. Não apenas por evitar a
infecção pelo vírus da hepatite B (HBV), mas também por evitar a transmissão de
outras DST e do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), causador da AIDS.
Porém a via sexual não é o único meio da hepatite B e pessoas expostas a sangue
e secreções tem maior chance de se infectar que o resto da população. Esses
indivíduos expostos (médicos, enfermeiros, auxiliares, dentistas, usuários de
drogas, parceiros sexuais de pacientes com hepatite B, hemodialisados, etc)
precisam receber vacinação contra a hepatite B. A exemplo de outros países, o
Ministério da Saúde do Brasil está implantando a vacinação de rotina das
crianças contra a Hepatite B. É importante lembrar que a vacinação contra a
hepatite B não confere imunidade contra as outras formas de hepatite, nem
contra outras doenças de transmissão sexual.
10. Meu
filho continua com "vermes", o remédio é fraco?
R: As verminoses são doenças muito comuns, especialmente
em determinadas faixas etárias onde os cuidados com a higiene pessoal são
negligenciados. A maioria das verminoses é de transmissão oral, i.e.
transmitidas pela ingestão de alimentos contaminados com ovos ou cistos dos
parasitas. Apenas algumas verminoses podem ser transmitidas através da pele,
quando em contacto com o solo contaminado com larvas de certos vermes. Como
pode ser visto existem várias formas de contaminação e as parasitoses
"difíceis de curar" na maioria das vezes são reinfecções após um
determinado tratamento. Outras vezes ocorre que, na confiança de um determinado
remédio, não é verificado se o tratamento instituído foi realmente eficaz.
Apesar dos vermífugos serem, em geral, eficazes; não há índice de cura de 100%
e outras vezes ocorrem que a parasitose não foi adequadamente tratada. Sempre
que você souber de um caso de parasitose não se esqueça: 1. Intensifique os
cuidados com a higiene pessoal (lavagem das mãos antes e após as refeições e de
usar o vaso sanitário, banhos após o uso do vaso sanitário, aparar as unhas,
usar calçados e roupas adequadas), 2. Lembre o seu médico do seu "controle
de cura".
11. Como
se pega tuberculose?
R: A tuberculose é uma doença causada por uma bactéria, o Mycobacterium tuberculosis, cuja
transmissão se dá principalmente por via respiratória. Para isso é necessário o
convívio diário e íntimo com um paciente tuberculoso "bacilífero",
i.e. que seja capaz de eliminar o bacilo da tuberculose pelos pulmões. Na
região Sudeste, em especial no Rio de Janeiro, está aumentando o número de
casos de tuberculose; principalmente devido às precárias condições
sócio-econômicas da maioria da população, embora outros fatores estejam
participando (como a epidemia de AIDS). A maioria da população do Brasil, e do
Rio de Janeiro, já entrou em contato com o bacilo da tuberculose durante a
infância, e este ficou bloqueado pelo nosso sistema imunitário e escondido
dentro de alguma célula de nosso organismo. Na medida em que esse sistema venha
a falhar (desnutrição, sarampo, AIDS, medicamentos, etc.) o bacilo se
multiplica e a doença se manifesta. Qualquer pessoa que esteja tossindo muito
por mais de uma semana deve ser examinada por um médico, para afastar a
hipótese de tuberculose. Hoje em dia o tratamento e a cura para a tuberculose
são uma realidade ao alcance de todos, com uso de medicações distribuídas
gratuitamente pelo Governo Federal.
12. Como
se pega "barriga d'água" (a esquistossomose)?
R: A esquistossomose ("barriga d'água" ou
xistose) é uma doença causada por um verme microscópico: Schistossoma mansoni. É uma doença endêmica no Brasil,
especialmente no Nordeste, onde acomete cerca de sete milhões de pessoas. O
contágio se dá durante o banho em águas de rios não caudalosos, onde certos
tipos de caramujos eliminam formas do verme capazes de penetrar pela nossa
pele. Raramente percebe-se esta penetração e a doença só vem a se manifestar
anos depois do contágio inicial podendo causar aumento da barriga, vômitos de
sangue e cansaço entre outros. Felizmente a maioria das pessoas que se
contaminam com o verme tem pouco ou nenhum sintoma, e a doença não leva a
complicações graves como a barriga d'água. O parasita, facilmente descoberto no
exame de fezes, deve ser tratado não só para a doença não progredir, mas também
para não contaminar a água dos rios com as fezes em locais onde não existe
esgoto.
13. Posso
doar sangue?
R: A doação de sangue voluntária é, antes de tudo, um ato
de solidariedade. Nós nunca sabemos quando podemos precisar de hemotransfusões
que são procedimentos que salvam a vida de milhares de pessoas atualmente na
cidade. Os bancos de sangue da cidade do Rio de Janeiro estão totalmente
habilitados a receber a sua doação, sem qualquer risco para você. Não se pega
qualquer doença na doação de sangue. Estão aptos a doar sangue: a. todas as
pessoas entre 18 e 60 anos, b. pessoas com mais de 50Kg, c. pessoas sem passado
de doenças venéreas, d. pessoas sem passado de hepatite/icterícia, e. homens
que não tenham tido relações sexuais com homens, f. pessoas que nunca fizeram
uso de drogas ilícitas, g. pessoas que nunca receberam hemoderivados, h.
pessoas que não sejam tatuadas, i. pessoas que tenham atividade sexual restrita
a menos de dois parceiros por ano e usem regularmente preservativo, j. pessoas
que não estiveram na Amazônia há menos de duas semanas, k. pessoas que não se
submeteram a vacinação contra hepatite.
14. Meu
cachorro/gato não sai de casa. Preciso vaciná-lo contra a Raiva?
R: A raiva humana é uma doença uniformemente letal,
levando o indivíduo a morte em poucos dias. A única forma de garantir que não
aconteçam os casos de infecção humana é pela vacinação irrestrita dos animais.
É imprescindível que todo animal de estimação (mamíferos) sejam vacinados
contra a raiva. A vacina é segura e de distribuição gratuita durante as
campanhas. Fora das campanhas públicas você pode vacinar seu animal de
estimação em um dos órgãos que oferecem o serviço gratuitamente ou num veterinário
de sua confiança. O último caso de raiva humana reconhecido no Estado do Rio de
Janeiro data de 1984. Contudo a raiva animal não se encontra sob controle e
pequenos surtos são reconhecidos nas cidades adjacentes ao Rio de Janeiro. A
raiva humana ainda acomete diversas pessoas na região nordeste do Brasil.
15. Meu
avô teve hanseníase. Devo me preocupar?
R: A hanseníase atualmente tem cura. Mas é preciso
diagnosticar a doença. A maioria das pessoas que tem hanseníase
"pega" de alguém muito próximo, com quem conviveu por muito tempo.
Como as manifestações da hanseníase ocorrem de maneira muito insidiosa é possível
que você a tenha e nem tenha percebido. Manchas claras na pele (semelhante à
"micose de praia"), dormências pelo corpo, "inchações" nos
braços, pernas e orelha e febre baixa são alguns dos diversos sintomas da
doença. Sempre que surgirem, especialmente se você conhecer alguém que já teve hanseníase,
você deve procurar um dermatologista para esclarecer o problema. O tratamento é
fornecido gratuitamente pelo Governo Federal.
16. Existe
Peste no Brasil?
R: Infelizmente as formas conhecidas como peste bubônica e
peste pneumônica ainda existem no nosso país, especialmente na região nordeste.
Apesar de dispormos de tratamento com antibiótico, este é eficaz quando o
diagnóstico é feito precocemente. O diagnóstico precoce também é importante
pelo caráter contagioso da forma pneumônica, que necessita isolamento
respiratório do doente. Se tratado a tempo, este se recupera sem seqüelas.
17. Posso
pegar doença venérea nos banheiros públicos ou usando toalha de outros?
R: As doenças venéreas são conhecidas também pelo nome de
"Doenças Sexualmente Transmissíveis" ou apenas DST, pois o único modo
de nos infectarmos é pelo ato sexual. Dentre as DSTs encontram-se as uretrites
(gonorréia ou blenorragia e uretrites não gonocócicas), a sífilis (ou cancro
duro), o cancróide, o linfogranuloma venéreo ("bubão ou íngua"), a
donovanose ("granuloma inguinal") e algumas formas de hepatites
(p.ex.: hepatite B, também referida como icterícia ou "tirissa"). Tais
doenças NÃO SÃO adquiridas pelo uso de banheiros públicos, toalhas ou roupas
íntimas alheias.
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