A falta de foco na educação

- O Estado de S.Paulo

O avanço das técnicas de avaliação escolar adotadas no País propiciou, nos últimos anos, o surgimento de mecanismos inéditos para avaliar a capacidade de ensino das escolas e o nível de aprendizado de seus alunos. Um desses novos mecanismos é a Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização), aplicada pela primeira vez no início do ano a 6 mil alunos de 262 escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais dos Estados. A prova de leitura e matemática foi feita com questões de múltipla escolha. Na de redação, o aluno tinha de escrever uma carta a um amigo, comentando as férias.


Realizada pela Fundação Cesgranrio, pelo Instituto Paulo Montenegro e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais em parceria com o Todos pela Educação - um movimento criado há quatro anos pela iniciativa privada -, a Prova ABC avalia o nível de alfabetização dos alunos do 3.º ano do ensino fundamental. E seus resultados comprovam mais uma vez a má qualidade do sistema educacional.

Segundo a Prova ABC, 44% dos alunos avaliados não têm os conhecimentos necessários em leitura; 46,6%, em escrita; e 57%, em matemática. Ou seja, metade das crianças que concluíram o 3.º ano do ensino fundamental não aprendeu o mínimo esperado para esse nível de ensino.

Isso significa que, aos 8 anos, essas crianças não entendem para que serve a pontuação ou o humor expresso em um texto nem conseguem identificar o tema de uma narrativa e as características dos personagens de uma história. Também não sabem ler horas e minutos em relógios digitais, não conhecem as quatro operações aritméticas e não sabem fazer cálculos que envolvem notas e moedas - como o troco em uma compra. E são incapazes de reconhecer centímetros como medida de comprimento.

Além disso, os resultados da Prova ABC confirmam o que já se sabia, isto é, que o rendimento dos alunos da 3.ª série do ensino fundamental tende a ser maior nas escolas privadas do que nas escolas públicas e a qualidade do ensino da rede escolar das regiões mais desenvolvidas, como a Sul e a Sudeste, é melhor do que a das escolas das Regiões Norte e Nordeste. Para os pedagogos, os anos de alfabetização são decisivos para a formação dos estudantes no ensino básico e superior. Quanto melhor for o desempenho dos estudantes nas primeiras séries do ensino fundamental, maior será sua capacidade de aprendizagem no futuro - e a principal conclusão da Prova ABC é que o alcance dessas premissas óbvias até hoje não foi compreendido pelas autoridades educacionais.

Tanto que, em vez de dar prioridade à elevação da qualidade do ensino infantil, fundamental e médio, o governo federal continua insistindo em agitar bandeiras mais vistosas, como o lançamento de novas universidades públicas - algumas criadas com base em critérios de marketing político, como as voltadas para o ensino da cultura afro-brasileira, e outras para atender a pedidos dos partidos da "base".

A exemplo dos demais indicadores educacionais, que se concentram nas últimas séries do ensino fundamental, a Prova ABC, voltada para as primeiras séries desse ciclo, atesta a incapacidade do governo de fixar prioridades. "Se o Brasil tivesse apostado em educação de forma maciça, inclusiva e sistemática, teríamos dado, anos antes, os passos necessários para que o nosso país tivesse pleno uso de seus potenciais econômicos e para que nossa população tivesse acesso a um padrão de conhecimento e, portanto, a um padrão de vida mais elevado", disse recentemente a presidente Dilma, no evento em que anunciou a criação de mais quatro universidades federais.

Além de comprovar os erros já cometidos pelo governo, essas palavras ajudam a entender por que o Brasil continua perdendo a corrida educacional. O que a Prova ABC mostra é que os problemas da educação não estão no acesso ao ensino superior, mas na formação deficiente proporcionada nos níveis infantil e fundamental. É isso que Dilma e seu ministro da Educação ainda não perceberam.

Câmara aprova lei que proíbe escolas de pedirem copos plásticos em listas de material

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou na última quarta-feira (24) um projeto que proíbe as escolas de exigirem dos alunos a compra de materiais coletivos como copos plásticos e resmas de papel.
 
Pelo texto, qualquer cláusula contratual que obrigue a compra será considerada automaticamente inválida. De acordo com a proposta, as escolas devem levar estes custos em consideração na hora de calcularem as mensalidades.

A matéria, agora, segue para análise do Senado.

Fonte - UOL Educação

Manifestação na Avenida Paulista chama atenção contra o bullying e a violência infantil

Elaine Patricia Cruz Da Agência Brasil


São Paulo - Uma manifestação realizada na tarde de hoje (27), na Avenida Paulista, em São Paulo, marcou o lançamento de uma campanha nacional contra o bullying e a violência infantil. A manifestação é parte da mobilização Quebrando o Silêncio, criada pelos Adventistas do Sétimo Dia e que há dez anos luta contra a violência à mulher, ao idoso e à criança. Segundo a Polícia Militar, o ato contou com a participação de cerca de 900 pessoas. Os organizadores estimaram em duas mil pessoas.

Bullying é todo ato de violência física ou psicológica exercida por alguém que seja fisicamente superior àquele que é oprimido e que traz prejuízo significativo para a vida dessa pessoa”, explicou Noel José Dias da Costa, psicólogo da rede educacional adventista e um dos voluntários do evento.

Uma das crianças presentes à manifestação, a estudante Talita A., de 11 anos, disse já ter sido vítima de bullying. Talita contou que alguns garotos da escola a apelidaram de Olivia Palito (personagem do desenho Popeye) por ela ser magra. Depois de ter ficado triste e chorado, ela contou a história para a mãe, que conversou com a escola. “A escola falou com os meninos e eles me pediram desculpa”, contou.

Talita disse que agora se sente mais feliz. “Acho importante a escola discutir isso porque assim as crianças vão parar de praticar isso e vão respeitar mais as pessoas”.

Segundo o psicólogo, a criança que é vítima de bullying pode apresentar dificuldades em suas interações com outras pessoas, na escola e na formação de sua identidade. “No longo prazo, os prejuízos podem trazer severos traumas psicológicos que podem vir na forma de ansiedade, depressão e comportamentos inadequados”, disse.

A ação desta tarde (27) foi marcada por um mural, de cerca de 30 metros, onde as pessoas puderam deixar a marca de sua mão, com o objetivo de formar um grande símbolo contra a violência.

“Nossa campanha é preventiva e educativa. Fazemos algumas manifestações públicas, como a de hoje, mas nosso foco é a educação. Fazemos campanhas nas escolas e palestras”, disse Sonia Santos, coordenadora estadual da campanha.

Segundo a organização do ato, uma pesquisa sobre bullying no país, publicada no ano passado pela organização não governamental Plan Brasil, apontou que cerca de 70% dos estudantes dizem já terem presenciado cenas de violência em suas unidades de ensino. Quase metade dos estudantes consultados na mesma pesquisa (47%) disse já ter visto um colega sofrer bullying.

Pouco antes da manifestação contra o bullying, cerca de 50 estudantes fizeram um outro ato, também no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, pedindo por uma destinação maior do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação.

“A principal reivindicação é maior investimento para a educação. Também reivindicamos um sistema igualitário público de ensino, universal e de qualidade”, disse Yuri Gonzaga, estudante de jornalismo da Universidade de São Paulo (USP) e um dos organizadores do movimento, que foi convocado pelas redes sociais na internet.